O desmatamento, as queimadas, a garimpagem, o agropastoreio e o descarte irregular de lixo representam os principais problemas ambientais enfrentados pelo bioma amazônico. O conjunto formado por essas ações devastadoras é responsável por graves mudanças climáticas em todo o planeta, como o aquecimento global.
Visando enfrentar os problemas e defender o território da Amazônia, a organização de empreendedorismo social ASHOKA, atuante em 92 países, reconheceu 7 iniciativas de Jovens Transformadores da região amazônica que de alguma forma impactam positivamente na comunidade e no bioma.
Os projetos idealizados por 6 jovens foram retratados através de mini-documentários, gravados em Manaus-AM pelas lentes do jornalista e videomaker Nathan Cortez, que é de Pindamonhangaba e esteve lá em dezembro do ano passado. Nathan foi responsável pela direção e edição dos vídeos, que tem duração de até 5 minutos e estão sendo exibidos em rede nacional através do canal Futura, pelo streaming GloboPlay e também no canal do Youtube da Ashoka Brasil.
A equipe de filmagem contou também com outro jovem de Pindamonhangaba, o videomaker Luis Guilherme que teve um papel importante como cinegrafista e fotógrafo assistente. O trabalho foi realizado por meio da produtora audiovisual do Rio de Janeiro Elektra Conteúdo, que tem forte atuação no cenário nacional na produção de conteúdos de educação e impacto social.
Conheça a história dos Jovens Transformadores:
Beatriz Lacerda Grajaú, 17 anos, negra, residente em Ananindeua, PA. Fundadora do projeto Equidade. Ao ingressar no Ensino Médio, começou a refletir sobre como a estrutura do sistema de ensino poderia melhorar, principalmente no que diz respeito a ter espaços onde estudantes possam ser ouvidos. O projeto se concentra em: raça, gênero e sexualidade e educação. Em oficinas, estimula a reflexão de estudantes sobre suas próprias questões e identidade, para a partir daí transformar suas realidades. Beatriz reuniu uma equipe de sete voluntários que se dividem entre as principais responsabilidades do projeto: comunicação, relações internas e pesquisa. Também há seis especialistas em raça, educação, gênero e sexualidade que atuam como conselheiros para a elaboração dos conteúdos. O projeto Equidade tem criado espaços seguros para que estudantes possam reconhecer e abraçar sua própria diversidade, além de descobrir seu potencial enquanto transformadores da sua própria realidade.
Clara Gentil, de 17 anos, indígena, natural de Santarém, Pará.
É líder da iniciativa Plantar um mundo melhor, em parceria com a Escola d’Água. Tendo estudado em escolas com abordagens inovadoras na educação, a jovem iniciou seu projeto quando era aluna da Escola d’Água, com foco no reflorestamento de áreas afetadas pela exploração madeireira. Mesmo não sendo mais aluna da instituição, o projeto continua ativo e conta com a participação de outros estudantes, com impactos visíveis no meio ambiente de sua cidade. Além do reflorestamento e do plantio de mudas, o projeto já organizou iniciativas de limpeza de córregos, destinação correta do lixo nas escolas, compostagem, integração com o povo Borari, além do lançamento de um programa de rádio dedicado a aproximar vozes de pessoas de diferentes comunidades. Durante as ações de reflorestamento, Clara e sua equipe plantavam de 70-80 árvores por semana, inventariavam as espécies e monitoravam seu desenvolvimento. Tal processo foi assimilado pelas turmas que deram continuidade ao projeto na escola.
Gabriel Santos (KENAI), 16 anos, branco, residente em Altamira-PA.
Fundou o projeto Jovens pelo Futuro do Xingu. Iniciativa para envolver jovens na busca de soluções para a poluição do rio Xingu, a violência social e suas conexões. Suas ações estão voltadas principalmente para a limpeza do rio Xingu aliada a ações de educação ambiental. Sua equipe hoje é composta por 10 jovens dedicados continuamente ao projeto, além de 30 voluntários que contribuem periodicamente durante as ações de limpeza. Ao todo, 4 mil litros de lixo foram recolhidos do rio pelo projeto. Seu trabalho busca criar um espaço de aprendizado para engajar cada vez mais jovens ativistas conscientes do seu poder de transformação no mundo.
Gleice Tukano, 18 anos, indígena, natural de São Gabriel da Cachoeira no Amazonas.
Dirige a iniciativa Juventude indígena pelo bem viver de hoje e das futuras gerações. Como adolescente indígena do povo Tukano, Gleice sempre foi afetada pelos problemas de sua comunidade e dos povos indígenas no Brasil. Percebeu cedo que os principais problemas da sua comunidade também afetam diretamente o potencial de desenvolvimento e bem-estar da juventude. Ela então ingresso no grupo de jovens da FOIRN (Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro), que trabalha para enfrentar de forma coordenada os desafios das diferentes comunidades indígenas da região. Por sua atuação, foi eleita para liderar o Departamento de Juventude da FOIRN. Seu trabalho consiste em engajar jovens lideranças em cada uma das 23 diferentes comunidades indígenas de três municípios atendidas pela FOIRN, para identificar e criar soluções coletivamente. O projeto também envolve crianças, líderes comunitários, idosos e professores. O objetivo da iniciativa é dar protagonismo aos jovens indígenas, fazendo com que suas vozes sejam ouvidas para promover mudanças em suas comunidades. (O vídeo da Gleice ainda será lançado)
Livia Silva, 17 anos, negra, residente em Capanema-PA.
Foi a primeira jovem da sua comunidade a ter a oportunidade de vivenciar um programa de intercâmbio nos Estados Unidos. A experiência a fez adotar um olhar mais crítico em relação aos problemas da sua comunidade e a defender a necessidade de fortalecimento das juventudes locais para resolvê-los. Com isso, fundou o Levanta Jovem, iniciativa que oferece mentorias e formações para desenvolver autoconhecimento, oratória, trabalho em equipe, formação de projetos e negócios sociais entre jovens de sua região. O projeto atualmente é realizado com o apoio de sete profissionais da região Norte do Brasil, 10 jovens voluntários e três instituições parceiras. Suas ações envolveram 20 jovens de diferentes localidades no estado do Pará. O projeto começou com oficinas presenciais e, com a pandemia, passou a ser executado virtualmente. A jovem também está trabalhando para promover o acesso de alunos à internet e a equipamentos que viabilizem a participação em atividades educacionais online.
Rian Corrêa, 16 anos, quilombola, natural de Cachoeira do Arari, no Pará.
Rian co-lidera o projeto Biblioteca Gurupá. Ele é escritor e poeta, passou a promover ações, como peças de teatro e discussões sobre histórias que trazem à tona temas relevantes para os membros da comunidade, como a gravidez precoce ou a identidade cultural. Logo viu a necessidade de construir um espaço para que mais pessoas pudessem conhecer o poder transformador da leitura e do cultivo das tradições. Com isso, Rian e seus amigos decidiram arrecadar recursos para construir uma biblioteca comunitária que também servirá como espaço para atividades culturais. O grupo trabalha de forma colaborativa, envolvendo suas famílias e apoiadores durante todo processo. As atividades promovidas servem para estimular jovens e suas famílias a desenvolverem o hábito da leitura e já conquistaram o apoio da Associação de Moradores da comunidade, além de outras organizações sociais e universitários da região na arrecadação. Rian já publicou um livro sobre lendas amazônicas. Ele usa sua conta do Instagram para postar poemas e despertar mais jovens para as questões amazônicas. (O mini-documentário do Rian foi produzido pela Videomaker Ariela Motizuki, do Pará)
Samuel Benzecry, 17 anos, branco, natural de Manaus no Amazonas.
Iniciou o Grupo de Estudos Themis ao perceber que os currículos das escolas da sua região não abordavam de forma satisfatória as histórias e cultura da Amazônia. Ele e seus amigos criaram um grupo de estudos. Os membros da equipe têm diferentes papeis, como pesquisas e postagens sobre os temas de estudo no site e conta no Instagram do projeto. O impacto do projeto está relacionado com a melhoria das competências acadêmicas e conhecimentos dos participantes, cerca de 50 jovens ao todo. Dez desses jovens também escrevem artigos sobre a História local para divulgação online.