Início Internacional Euro em alta: vale a pena morar em Portugal?

Euro em alta: vale a pena morar em Portugal?

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Morar em Portugal tem sido o sonho de muitos brasileiros nos últimos anos. Segundo informações do SEF (Serviço de Estrangeiros e Fronteiras), somente em 2019, 150.854 brasileiros chegaram ao país para fixar residência. O número representa um aumento de 43% em relação ao ano anterior.

No entanto, a pandemia da Covid-19, que tem provocado sérios efeitos na economia mundial, jogou o plano de muitas pessoas para dentro da gaveta. As medidas restritivas necessárias para o enfrentamento da doença aliadas à alta do euro fizeram com que muita gente desistisse (ou pelo menos adiasse) do sonho de se mudar para a Europa.

A Universidade de Coimbra, frequentemente procurada por brasileiros que desejam enriquecer seus currículos com cursos no exterior, registrou queda de 20% nas candidaturas este ano em relação a 2019. A cotação do euro para real se mantendo acima de R$ 6 torna inviável a manutenção dos estudantes em terras lusitanas.

Embora tenha sido apontado como exemplo no combate ao novo coronavírus, Portugal ainda enfrenta sérias dificuldades com a pandemia. O país está na terceira fase de reabertura, com exceção da capital, Lisboa, que precisou frear o processo de retomada após aumento de 90% no número de casos confirmados, especialmente, entre jovens de 10 a 29 anos.

Diante desse cenário somado aos problemas na condução das políticas de enfrentamento contra a Covid-19 no Brasil, a TAP, companhia aérea portuguesa, divulgou que só será permitida a entrada de brasileiros em Portugal com residência comprovada, visto de residência ou de longa duração ou aqueles que possuem dupla cidadania europeia.

Um balde de água fria para quem estava de malas prontas para iniciar jornada na terra de Cabral.

Horizonte econômico
Caso a pessoa se enquadre nos pré-requisitos exigidos para a entrada no país, é bom colocar outras coisas na balança antes de embarcar para que o sonho não vire um pesadelo.

Graças à pandemia e, assim como em todo o mundo, Portugal vive uma crise sem precedentes na história. De acordo com o Banco de Portugal, o Banco Central português, é a mais grave desde que a Guerra Civil espanhola avançou pelo seu território.

Mesmo o governo tendo investido na recuperação econômica, as projeções para os próximos dois anos são nada boas. As medidas de isolamento tiveram como efeito mais perverso o aumento da taxa de desemprego no país, que chegou a surpreendentes 10,1% em 2020. A previsão é de que chegue a 7,6% em 2022, o que ainda é bem alto diante dos 6,5% registrados antes da pandemia.

A expectativa para 2021 é de um crescimento de 5,2% e de continuação de crescimento de 3,8% para 2022. Parece bom, mas pode ser complicado no momento em que tudo é marcado por incertezas.

Já a inflação portuguesa, que está em 0,1%, devido à baixa no consumo e na produção industrial durante o confinamento, promete recrudescer gradativamente até 2022, quando deve chegar a 1,1%.

Considerando que o custo de vida em Portugal pode não ser dos mais atrativos, esses números devem ser analisados friamente. O salário mínimo português é um dos piores da União Europeia, girando em torno de 600 euros, cerca de R$ 3.600.

Para o Brasil seria um bom salário, mas de acordo com pesquisa divulgada em 2017, um casal sem filhos, por exemplo, deve gastar pelo menos 1.200 euros para viver uma vida digna. Isso, em um cenário pré-pandemia.

Mas a Comissão Europeia se mostra otimista com o desempenho de Portugal na retomada das atividades econômicas, especialmente, do setor de turismo no verão.

A reabertura das fronteiras na União Europeia tende a ser um bom indicativo de recuperação para o país e uma boa dose de esperança para os brasileiros que pretendem cruzar o oceano em breve.

Planejando a mudança
Mesmo que as condições atuais não sejam favoráveis, Portugal continua um destino bastante interessante. O país apresenta ótimo sistema de saúde, que, inclusive, contribuiu para que o governo português controlasse a disseminação de Covid-19 e evitasse o colapso sanitário enfrentado por seus vizinhos, Espanha e Itália.

Além disso, o transporte público é eficiente, o sistema educacional está entre os 20 melhores do mundo e a segurança é garantida – o que também deve ser colocado na balança.

Se depois de considerar todos esses aspectos, positivos e negativos, a mudança ainda for uma opção, é preciso planejá-la cuidadosamente para evitar surpresas desnecessárias.

Eis um passo a passo estratégico:

  1. Pesquisar a cidade onde se pretende morar, pois o custo de vida varia de acordo com a localidade;
  2. Planejar o orçamento considerando as despesas burocráticas da transferência, de instalação na nova cidade e dos primeiros meses na nova residência;
  3. Decidir o tipo de visto que será necessário e providenciá-lo;
  4. Checar se tem direito à dupla cidadania, o que pode facilitar ou mesmo antecipar o processo.

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