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Trabalhar sob pressão é com eles mesmos. Quando ao Hospital Municipal de São José dos Campos chegam pacientes em estado grave, principalmente vítimas de acidentes de trânsito, os médicos cirurgiões já estão habituados a tomar decisões em segundos para trazer de volta os sinais vitais de quem está lá à beira da morte.
Com uma certa folga no setor de urgência nesse período de medidas restritivas para diminuir a velocidade de propagação do novo coronavírus, a SPDM (Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina), que gerencia o hospital, designou 18 integrantes que compõem a equipe da sala de trauma para cuidar dos casos de covid-19. Cotidianamente eles se revezam no box de emergência da ala criada exclusivamente para receber as pessoas com exames positivos ou suspeitas de ter a doença.
Desde 8 de abril o grupo se juntou aos demais médicos, enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem no destacamento avançado de combate à pandemia. Ali todos os profissionais de saúde desempenham o papel fundamental de salvar vidas e recuperar os acometidos pela síndrome respiratória.
No primeiro mês de atuação no box de emergência, para onde vão os casos mais sérios após a triagem, o balanço é de êxito em todos os procedimentos. Dos 88 pacientes atendidos, 22 foram encaminhados à UTI e 27 à enfermaria. Houve 15 intubações orotraqueais com sucesso, sem nenhuma contaminação dos profissionais.
“Para a gente, é muito gratificante a nossa equipe estar empenhada e feliz com os resultados positivos alcançados em benefício dos pacientes”, disse o coordenador da unidade cirúrgica, Flavius Toledo, médico cirurgião há 19 anos, 18 deles dedicados ao Hospital da Vila.
Cirurgiões na linha de frente
“Trabalhar no setor covid tem sido ao mesmo tempo desafiador e gratificante. Pensar que nós, cirurgiões, estamos sempre a serviço da população, ainda mais nesse contexto de pandemia, só vem a engrandecer nosso trabalho. A experiência que temos com os pacientes críticos, sem dúvida nenhuma, traz benefícios ao atendimento e manejo desses casos. Importante deixar bem claro a toda a população que sempre estaremos prontos para o que for necessário para melhor assistência de todos.”
Vitor Gianini
Médico cirurgião
“Nesse momento desafiador, a equipe de cirurgia vem dando sua contribuição, atendo os pacientes com insuficiência respiratória em um box exclusivo. Além do cirurgião estar acostumado a usar os equipamentos de proteção, ele se sente confortável no manejo da via aérea difícil em uma situação de urgência, atuando com segurança durante a intubação, mesmo com todas as particularidades desse procedimento. Durante toda a formação, o cirurgião é treinado a tomar decisões em situação de stress e a trabalhar em equipe. Essas qualidades ajudam muito nesses atendimentos. Tem sido gratificante poder ajudar esses pacientes nesse momento de aflição. Onde a família não pode estar presente, nós estaremos lá.”
Júlio Muniz
Médico cirurgião
“A experiência como cirurgiã no atendimento dos pacientes com covid-19 está sendo muito gratificante e enriquecedora. Somos treinados durante nossa formação a trabalhar em condições adversas. E no cenário atual acredito sermos uma equipe preparada para estar na linha de frente do atendimento dos pacientes. No momento é imprescindível o correto uso de equipamentos de proteção individual. E nós já estamos treinados a usá-los rotineiramente no campo cirúrgico. A necessidade de via aérea rápida também justifica a importância de ter um profissional treinado para garantir uma via aérea cirúrgica se preciso. Desta forma, o benefício para os pacientes é inquestionável. O nosso foco não é mais o foco cirúrgico, mas sim a luta contra essa pandemia.”
Júlia Tourinho
Médica cirurgiã
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