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Demanda do Petróleo em análise pelo mercado financeiro, entre lockdowns e flexibilizações

Banco de imagens/divulgação
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Com a pandemia do Coronavírus, o Brasil e o Mundo estão tendo que aprender a lidar com choques de demanda, entre eles a do petróleo. O que começou como uma briga de preço entre os produtores (Rússia e Arábia Saudita) virou uma bola de neve, com produção excedente sem ter quem consuma este volume todo. Os reflexos estão nos mercados financeiros mundiais e na porta de empresas, como a da Petrobras.

Em meio ao aprofundamento da queda da commodity, a Petrobras cortou em cerca de 30% investimentos para 2020, adiou o pagamento de dividendos e bônus do programa de remuneração variável e prometeu reduzir em US$ 2 bilhões os gastos operacionais. O comando da estatal reforçou também a defesa pela venda das refinarias, mas não citou quais.

Quem explica este momento de demanda é o assessor de investimentos Evandro Zanutto, da Plátano Investimentos – XP Investimentos de São José dos Campos, o maior e mais antigo escritório da RMVale.

“Estamos vendo acontecer algo que há muito não víamos, um verdadeiro choque de demanda causado pelas quarentenas e lockdowns ao redor do mundo. – O que quero dizer com choque de demanda? Grande parte das pessoas parou de se deslocar, deixou de ir ao trabalho, frequentar as ruas, shoppings, estádios, cinemas, gerando um enorme desaquecimento na economia, seguido de violenta queda no consumo de bens e serviços”, explicou o assessor de investimentos.

Um dos produtos mais afetados foi justamente o petróleo, de onde deriva os combustíveis que usamos no dia a dia e no setor logístico, seja gasolina, diesel, gás e combustível do setor de aviação, este último ainda mais drasticamente afetado pelos cancelamentos de viagens aéreas.

Esse choque na demanda no petróleo chegou a casa dos 30% no mundo todo, forçando os países produtores (OPEP) a buscar uma redução na oferta para se adaptarem a esse novo cenário. Um dos países, a Rússia, entrou em desacordo em relação ao corte da produção, gerando uma crise que se somou à crise existente.

O preço do Barril BRENT (Mar do Norte na Europa), aquele que é negociado no mundo e afeta a Petrobrás, caiu de US$60 por contrato para valores mínimos históricos, na casa de US$20, num período de tempo muito curto, algo inédito.

Um outro tipo de petróleo, o WTI (West Texas Intermediate), negociado predominantemente nos EUA, sofreu também um efeito colateral nunca visto no mercado, a situação espantosa de ter as negociações de seus contratos futuros se dando no campo negativo.

“Uma ressalva aqui, o que ficou negativo nesse caso não foi o preço do petróleo em si, mas o contrato futuro do mês de maio negociado nos EUA”, explicou Evandro Zanutto.

O que isso quer dizer?

O petróleo WTI com entrega em maio se tornou um enorme mico para os detentores desses contratos, que queriam se livrar deles a qualquer custo, mas não encontravam compradores, fazendo o preço cair tanto que entrou no campo negativo. Em resumo: os vendedores estavam pagando para se livrarem dos contratos.

O Brasil não ficou de fora, o impacto tem sido sentido diretamente pela Petrobras, com várias quedas em sequência no preço dos combustíveis nas bombas. A companhia tem queimado caixa diariamente, na ordem de bilhões de reais, em função do prejuízo causado pela crise, segundo informações da própria empresa.

Não há ainda um movimento de retomada da economia no mundo, mesmo entre os países que já estão saindo dos lockdowns e quarentenas.

Há uma especulação de que em alguns países, com a flexibilização, as pessoas iriam utilizar mais o carro por conta do medo do contágio pelo uso do transporte público. Por enquanto, resta ver como será isso na prática.

Para os investidores, apostar agora numa volta do mercado ainda seria algo muito arriscado, a indústria do petróleo deve seguir contraída por mais um tempo.

“O petróleo é uma das commodities base da economia, uma crise no setor contamina todo o sistema, travando investimentos futuros e até a solvência de empresas. A pandemia e as medidas de quarentenas causaram um choque na demanda, com efeitos que podem ser maiores do que imaginamos”, concluiu Evandro Zanutto.

Fonte: Plátano Investimentos: Av. Cassiano Ricardo, 319, sala 2106. Ed. Pátio das Américas. Jardim Aquarius. (12)3322-8916.


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