Ministério da Saúde vai reforçar a capacidade de atendimento das unidades de saúde da família e ampliação de leitos de UTI. A pasta anunciou novos critérios de classificação de casos suspeitos
O Ministério da Saúde vai ampliar medidas para reforçar a assistência hospitalar no enfrentamento ao coronavírus no Brasil. Os primeiros reforços serão na Atenção Primária, a porta de entrada para receber os pacientes no SUS, para evitar que as pessoas procurem os hospitais em um cenário de grande circulação do coronavírus. O programa Saúde na Hora será ampliado nos municípios, aumentando as unidades de saúde que ficam abertas até às 22h ou aos finais de semana para atender à população.
Também estão entre as ações o chamamento de médicos para o programa Mais Médicos como reforço no atendimento nas Unidades de Saúde da Família (USF); a organização da rotina de pacientes com doenças crônicas; a disponibilização da telemedicina no auxílio ao atendimento de doentes graves pelo COVID-19; e a ampliação de leitos de Unidades de Tratamento Intensivo (UTI).
“Essas medidas são típicas da organização do nosso sistema de saúde pública. Temos um país continental e precisamos nos preparar para todas as possibilidades que esse vírus possa nos trazer”, disse o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, durante a coletiva de imprensa, na tarde de sexta-feira (6).
ASSISTÊNCIA
O Ministério da Saúde prepara chamamento de médicos para o programa Mais Médicos. Os profissionais de saúde poderão atuar nas USFs dos municípios de perfis de 1 a 8. A novidade é que serão atendidos os perfis de 1 a 3, que são capitais e grandes centros urbanos, locais com maior concentração de pessoas e onde o vírus pode ter maior transmissibilidade. As localidades de 4 a 8, que contemplam as regiões mais vulneráveis, também serão beneficiadas.
Ainda na Atenção Primária, o Ministério da Saúde irá orientar os estados e municípios, sobretudo as cidades mais distantes dos grandes centros, no manejo dos pacientes portadores de doenças crônicas. A ideia é antecipar exames e procedimentos para evitar que essas pessoas tenham de ir à unidade de saúde em um cenário de grande circulação do coronavírus.
A telemedicina também será disponibilizada à Atenção Primária, além da Especializada, para que os profissionais de saúde possam trocar informações e impressões Brasil a fora sobre a evolução da condição do paciente com coronavírus, sobretudo os mais graves.
Na rede hospitalar, o Ministério da Saúde vai atender de imediato todas as solicitações de habilitação de leitos de UTI para que o sistema amplie a capacidade de auto-organização. “Embora tenhamos habilitado todas as solicitações de leitos de UTI no Brasil no ano passado – mais de mil -, já temos pedidos este ano. São 100 leitos que serão habilitados imediatamente. Também estamos conversando com os estados para saber a possibilidade de abrir mais leitos de UTI”, garantiu Mandetta.
ALTERAÇÃO DOS CRITÉRIOS DE VIGILÂNCIA
Com o 13º caso de coronavírus no Brasil, o Ministério da Saúde muda os critérios de classificação de caso suspeito no país. Agora, todas as pessoas que chegarem ao Brasil de países da América do Norte, Europa e Ásia, e tiverem sintomas como febre, coriza, tosse, falta de ar poderão ser considerados casos suspeitos de COVID-19. Anteriormente, os casos suspeitos eram classificados apenas a partir do histórico de viagem para alguns países com transmissão local da doença.
“Não faz mais sentido classificar pelo nexo de país, mas de viagem ao exterior. Nossos principais voos internacionais vêm da Europa e América do Norte, e considerando que são grandes combinações de destinos ampliam-se as possibilidades de entrada do vírus. Dessa forma já não faz mais sentido olhar apenas por países que estão na lista de transmissão local ou comunitária”, esclareceu o ministro.
A vigilância epidemiológica brasileira continua considerando nexo causal viajante que chegam ao país vindos da Austrália, de países da América Central e do Sul, que estejam na classificação da OMS como de transmissão local.
GASTO PÚBLICO
Outra medida que será tomada nas próximas semanas é a implantação de um comitê com a participação do Tribunal de Contas da União (TCU) para dar celeridade nos processos de compras emergenciais e dar transparência aos gastos durante a emergência de saúde pública.
“Até agora temos feitos as compras respeitando todos os prazos de licitação, mas podemos ter necessidade de medidas emergenciais que precisam de celeridade. Com o TCU participando desse comitê a tomada de decisão é mais rápida. Além disso, cada centavo gasto com o coronavírus será acompanhado pelo órgão de controle para sabermos exatamente no que gastamos e darmos transparência às nossas medidas”, disse o ministro da Saúde.
Silvia Pacheco, da Agência Saúde