Para chamar à atenção para o novembro roxo, que tem o Dia Internacional da Prematuridade, 17 de novembro, o Hospital Nossa Senhora das Graças, de Curitiba, lança o vídeo “Diário de um Prematuro”.
Divulgado nas redes sociais do hospital, o vídeo tem a finalidade de mostrar a força dos prematuros na luta pela vida e os cuidados recebidos em uma uti neonatal. As cenas são narradas com a voz de uma criança, demonstrando o sentimento do prematuro, como o momento que eles mais gostam – como a hora do banho, a visita dos familiares e o carinho da equipe de atendimento, até os mais difíceis – como o momento do pic, da sonda para se alimentar, entre outros.
A personagem principal do vídeo é a prematura Heloisa, que nasceu com 1 kg e 500 gramas e ficou dois meses internada na UTI neonatal do HNSG. Para que sua história pudesse ser contada, foi necessária a participação de outros bebês, também internados no mesmo período, que representaram os primeiros momentos dela na UTI. O Augusto, que com apenas 900 gramas aparece nas primeiras cenas do vídeo – por ser o bebê mais pequeno, e o Henrique, com 925 gramas, que é gêmeo da Heloisa.
As cenas do vídeo mostram o cuidado e o carinho prestado pela equipe médica e de enfermagem da UTI neonatal. “O bebê prematuro é muito sensível. Sente dor, estresse, percebe barulhos. Por isso, algumas medidas não farmacológicas, como o toque e a humanização na UTI fazem toda a diferença”, diz a chefe da uti neonatal do HNSG, a pediatra Dra. Eliana Branco. Entre algumas medidas de conforto oferecidas pela equipe são deixar o ambiente mais escuro, posicionar o bebê para que fique mais acolhido na encubadora, e deixá-lo aquecido. A presença da família também é essencial. “Hoje, em uma uti neonatal, os pais podem participar mais desse cuidado. O método canguru permite o contato pele a pele entre a mãe e o bebê. Em nossa UTI deixamos que a mãe possa ficar 24 horas como acompanhante”, comenta a médica.
Alessandro Câmara e Thatiane Pacheco Paschoal, pais dos gêmeos Heloisa e Augusto, também participaram das gravações do vídeo. “Nos sentimos privilegiados por participar deste vídeo da história da vida deles”, contam. Os pais recordam que não foram dias fáceis. “Quando fomos para casa,sem eles, tivemos uma sensação muito ruim de ter e ao mesmo tempo não ter os bebês conosco, porém sabíamos que naquele momento o melhor lugar deles estarem era realmente o hospital”, dizem.
Hoje com os irmãos já de alta do hospital, Alessandro conta que é um sentimento inexplicável. “Realmente, pais de prematuros são pais diferenciados, que sonham, que lutam com muita garra, para depois ver os seus filhos crescerem. E aí só vem a lembrança dos momentos difíceis que foram quando eles estavam na UTI”, diz.
Sobre o bebê prematuro
É considerado prematuro o bebê que nasce com menos de 37 semanas. No Paraná, segundo dados da Secretaria de Saúde, até novembro desse ano, nasceram 123.249 bebês, sendo 13.040 prematuros, o que representa 11% do número de nascimentos no estado.
Segundo a pediatra, Dra. Eliana Branco, vários fatores podem estar relacionados com o nascimento prematuro. “Temos muitas gestações in vitro, então temos mais nascimentos gemilares, que são geralmente crianças que nascem prematuras. Outro fator que aumentou bastante o número de nascimento precoce está relacionado com a idade materna, porque hoje as mulheres têm filhos um pouco mais tarde, então as gestações podem ser mais complicadas, principalmente relacionadas com quadros graves de hipertensão arterial que acabam gerando bebês prematuros”, explica a médica.
Além da hipertensão, doenças como diabetes podem contribuir para um parto precoce. A alimentação errada, estresse, e a prática de atividades físicas sem acompanhamento médico também são fatores de risco para um nascimento prematuro do bebê.Além disso, é necessário que o pré-natal seja iniciado o quanto antes para que a gestante aprenda a reconhecer sinais de um parto antecipado.
Avanços na medicina
Avanços na medicina tem possibilitado que a grande maioria dos bebês prematuros consigam se desenvolver e crescer com saúde. Entre os avanços, estão as medicações para a parte pulmonar do bebê, a nutrição parenteral que mantêm os bebês mais nutridos, equipamentos como incubadoras e respiradores apropriados para prematuros. “Hoje, a partir de 24 semanas, o prematuro já tem chance de sobreviver”, afirma a médica. Mas o ideal, segundo a especialista, para que não haja sequelas para o prematuro, é que o nascimento seja acima de 27 semanas.