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Arrecadação das apostas atinge R$5,62 bilhões até agosto de 2025: novo imposto de 18% deve elevar receita

O avanço do mercado de apostas no Brasil voltou a chamar atenção da Receita Federal. Entre janeiro e agosto de 2025, a arrecadação total proveniente de tributos sobre o setor somou R$5,62 bilhões, superando em 28% o valor coletado no mesmo período de 2024. Com a alteração da alíquota do imposto sobre o GGR de 12% para 18% a partir de outubro, o governo projeta encerrar o ano com R$9,18 bilhões em receitas. O movimento reforça o peso crescente da economia digital no cenário fiscal brasileiro.

Transformações no ambiente regulatório

A revisão da carga tributária reflete uma tentativa de harmonizar o crescimento do entretenimento digital com princípios de segurança e rastreabilidade financeira. Essa transição em muitos aspectos acompanha o nível de transparência observado em setores já consolidados, como cassinos seguros e confiáveis, onde padrões de auditoria, controle de payout e protocolos de verificação (KYC) servem de referência para elevar a confiança do jogador online.

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No ambiente das apostas esportivas e jogos de azar, o reforço dessas práticas tende a mitigar riscos operacionais, reduzir falhas em fluxos de pagamento e fortalecer o combate à evasão tributária. Ao mesmo tempo, sinaliza aos operadores que a adesão rigorosa às normas será condição básica para a manutenção das licenças nacionais.

Comparação com a arrecadação de 2024

Em 2024, a arrecadação total com apostas foi de aproximadamente R$6,8 bilhões, impulsionada pela consolidação das plataformas de apostas esportivas e pelo início da regulamentação de jogos online. A margem tributária de 12% sobre o GGR, definida na ocasião, serviu como período de transição para que empresas adaptassem seus sistemas de controle e compliance.

Agora, com a elevação para 18%, o governo federal espera não apenas compensar o crescimento do volume de apostas, mas também estabilizar a participação do segmento no Produto Interno Bruto. Caso o ritmo se mantenha, a fatia do setor deve atingir 0,25% do PIB, o dobro do registrado dois anos antes, refletindo tanto o aumento da base de usuários quanto a formalização das operações digitais.

Impacto sobre as empresas operadoras

Para as operadoras, a nova tributação impõe ajustes estratégicos e tecnológicos que envolvem desde adequações de software até revisões nas políticas de promoções. A elevação da alíquota reduz a margem de lucro sobre cada aposta líquida, estimulando companhias a explorar formatos de eficiência operacional, renegociar contratos de tecnologia e buscar maior integração entre plataformas de pagamento e bancos digitais.

Analistas preveem que os pequenos operadores, especialmente aqueles com presença local limitada, poderão enfrentar maior pressão de custos, enquanto conglomerados internacionais tenderão a consolidar fatias de mercado. Apesar do ambiente mais competitivo, a clareza regulatória reduz incertezas jurídicas e favorece investimentos em marketing de longo prazo, infraestrutura de dados e análise de comportamento do jogador.

Consequências para o consumidor e ajustes nas odds

O apostador também perceberá efeitos diretos. A elevação de tributos tende a refletir-se em ajustes sutis nas odds, nas políticas de cashback e nos limites de retirada. Plataformas que pretendem manter competitividade deverão equilibrar preços e experiência do usuário, evitando repassar integralmente o custo adicional. Estratégias de fidelização, personalização de ofertas e transparência nos relatórios de resultado ganham importância.

Em tese, o aumento de controle fiscal pode até fortalecer a imagem de confiabilidade do setor, reduzindo a presença de operadores irregulares. O desafio será preservar a diversidade de produtos e a fluidez das plataformas, mantendo atratividade em um ambiente mais onerado. Isso dependerá da capacidade das empresas de absorver variações cambiais e custos de compliance sem transformar a experiência em algo excessivamente burocrático.

Repercussões macroeconômicas e fiscais

Do ponto de vista do Estado, o novo patamar de receita fortalece o caixa público em um momento de demanda crescente por investimentos sociais e tecnológicos. O incremento previsto de quase R$3,5 bilhões até dezembro permitirá compensar eventuais perdas em outros setores e financiar programas de inovação digital. A arrecadação das apostas tem se mostrado ponderável pela frequência das movimentações e pela alta rastreabilidade dos dados.

O segmento atua como indicador indireto de confiança do consumidor na economia digital. A Receita Federal projeta que, em 2026, com o calendário esportivo lotado de campeonatos internacionais, esse volume de recursos possa superar os R$10 bilhões, consolidando o país como uma das maiores praças de tributação sobre apostas no hemisfério sul. Esse desempenho pode servir de argumento para novas regulamentações envolvendo jogos instantâneos e loterias estaduais.

Perspectivas diante dos eventos esportivos de 2026 e além

A Copa do Mundo de 2026 é vista como um dos principais vetores de receita futura. Eventos dessa dimensão geram picos de engajamento e de volume apostado, estimulando parcerias entre operadoras, plataformas de streaming e empresas de dados esportivos. Também encorajam a modernização de interfaces, a ampliação de experiências em tempo real e o uso de inteligência artificial para calibrar odds dinâmicas.

A expectativa é de que, até meados de 2026, a proporção de apostas feitas via dispositivos móveis ultrapasse 70% do total. Já em 2028, com os Jogos Olímpicos, a tendência é de diversificação temática, incluindo modalidades digitais e esportes eletrônicos. Essa expansão exige protocolos éticos, cumprimento de normas internacionais e integração entre entidades reguladoras. O equilíbrio entre inovação tecnológica e responsabilidade fiscal determinará o ritmo de maturidade do mercado nos próximos anos, consolidando o ciclo iniciado com a nova carga de 18%.

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