Entenda como diferentes condições do trato urinário podem impactar a saúde da mulher. Imagem: Freepik
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Quando se fala em urologia, a associação imediata costuma ser com a saúde masculina. No entanto, as mulheres também sofrem com uma série de doenças urológicas que podem comprometer o bem-estar físico e emocional. Segundo a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), os problemas abrangem condições como incontinência urinária, infecção urinária, bexiga hiperativa, cálculo renal e cânceres do trato urinário.

A prevalência de algumas dessas doenças pode ser expressiva. A incontinência urinária atinge cerca de 45% das mulheres acima dos 40 anos, contra apenas 15% dos homens da mesma faixa etária, segundo estimativa da SBU. A doença é caracterizada pela perda involuntária de urina e representa uma das queixas mais comuns em consultórios de urologia. 

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A urologista e coordenadora do Departamento de Comunicação da SBU de São Paulo, Maria Cláudia Bicudo, explica que existem três tipos principais: a incontinência de esforço, quando a perda ocorre em situações como tossir, rir ou carregar peso; a de urgência, caracterizada pela vontade súbita e incontrolável de urinar; e a mista, que combina os dois quadros.

Além do incômodo físico, a condição afeta de forma direta a vida social e a saúde sexual. De acordo com Maria Cláudia, até 70% das mulheres com incontinência urinária relatam impacto negativo durante as relações sexuais, como redução do desejo, dor e inflamações locais. 

Ainda hoje, muitas mulheres acreditam que a perda urinária é normal ou uma consequência natural do envelhecimento, mas a SBU reforça que qualquer perda precisa ser investigada. A procura por um especialista pode ser feita de forma simples, e regionalizada, pela internet. Quem mora no Rio de Janeiro, por exemplo, pode buscar por “urologista em RJ” e encontrar o profissional mais acessível para avaliar a situação e dar início ao tratamento adequado.

Mulheres também são mais vulneráveis à infecção urinária 

Outro problema frequente entre as mulheres é a infecção urinária. A Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) destaca que a anatomia feminina, com uretra mais curta e próxima da vagina e do ânus, torna o sexo feminino mais vulnerável a episódios recorrentes.

Os sintomas variam conforme a gravidade. Na cistite, que afeta o trato urinário baixo, os sinais mais comuns são dor e ardência ao urinar, urgência e aumento da frequência urinária. Já nos casos de pielonefrite, quando a infecção atinge os rins, surgem febre alta, calafrios e dor lombar, que podem evoluir para complicações graves como sepse e óbito, se não houver tratamento adequado.

As bactérias da espécie Escherichia coli estão entre as principais causadoras das infecções comunitárias, mas, em ambiente hospitalar, outros agentes também podem estar envolvidos. A escolha do tratamento depende da localização da infecção, do tipo de agente e do perfil do paciente, o que reforça a necessidade de acompanhamento profissional.

A SBU estima que metade das mulheres apresentará, pelo menos, um episódio de infecção urinária ao longo da vida e alerta que a prevenção deve fazer parte da rotina. Entre as recomendações estão cuidados básicos de higiene, manter a região genital limpa e seca, e evitar roupas íntimas de tecido sintético.

Além disso, é fundamental lavar a região após as relações sexuais. No caso das mulheres mais jovens, a SBU ressalta que a atividade sexual está entre os principais fatores de risco para o desenvolvimento do problema.

Outra condição comum entre as mulheres e que pode ser confundida com a incontinência urinária é a bexiga hiperativa. A SBU explica que ela é caracterizada pela necessidade urgente de urinar, muitas vezes de difícil controle, e que pode estar associada ou não à perda involuntária de urina.

Quem convive com o problema costuma acordar à noite para urinar, o que prejudica o sono, e precisa ir ao banheiro mais de sete vezes em um período de 24 horas. Apesar do impacto na qualidade de vida, a condição não costuma representar risco grave ao paciente.

O tratamento costuma ser bastante efetivo, segundo a SBU, e pode incluir restrição da ingestão de líquidos no período da noite, exercícios para fortalecimento do assoalho pélvico e uso de medicamentos.

Outras doenças urológicas impactam a saúde feminina

Segundo o uro-oncologista e urologista em SP, Eder Nisi Ilario, além da incontinência urinária e das infecções recorrentes, outras doenças urológicas impactam a saúde feminina e estão entre as principais causas de procura por um especialista. Entre elas, está a cistite intersticial, também chamada de síndrome da bexiga dolorosa.

A condição crônica é marcada por dor na bexiga e necessidade frequente de urinar, mesmo na ausência de infecção detectável. A paciente pode sentir desconforto durante as relações sexuais, além de urgência e aumento da frequência urinária, e o tratamento envolve mudanças na alimentação, uso de medicamentos e procedimentos para alívio dos sintomas.

Outro problema considerado comum são os cálculos renais, conhecidos popularmente como “pedras nos rins”, que surgem quando minerais presentes na urina se acumulam e formam cristais. A condição provoca dor intensa na lombar ou no abdômen, náuseas, vômitos e presença de sangue na urina.

O urologista explica que, dependendo da gravidade e do tamanho do cálculo, o tratamento pode variar desde a ingestão de líquidos até procedimentos como a litotripsia, que consiste na fragmentação das pedras por ondas de choque, ou cirurgias minimamente invasivas.

O prolapso de órgãos pélvicos, popularmente chamado de “bexiga caída”, também integra a lista de doenças. A condição acontece quando a bexiga, o útero ou o reto descem de sua posição natural, geralmente devido ao enfraquecimento dos músculos do assoalho pélvico após gestações ou avanço da idade. Os sintomas incluem sensação de peso na região vaginal, dificuldade para urinar ou evacuar e episódios de incontinência urinária.

Embora menos frequente do que nos homens, Eder destaca que as mulheres também podem desenvolver câncer urológico, incluindo tumores na bexiga, nos rins e na uretra. Sintomas como sangue na urina, dor ao urinar ou alterações persistentes no padrão urinário precisam ser investigados por um urologista.

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