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Via Jaguari: obra vira sala de aula para alunos de engenharia do ITA em São José dos Campos

Foto: Adenir Britto/PMSJC
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Na tarde de terça-feira (5), o canteiro de obras da Via Jaguari, na região norte de São José dos Campos, se transformou em sala de aula para 10 estudantes do 5° ano do curso de engenharia civil aeronáutica do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica). A visita técnica foi acompanhada por dois professores e um funcionário da faculdade.

A comitiva foi recebida por uma equipe de engenheiros da empresa que realiza a obra e técnicos da Prefeitura. Por cerca de uma hora e meia, o grupo percorreu o pátio de vigas, um trecho de aterro e o canteiro terrestre, ao lado do rio, onde são executadas a armação dos pilares e várias partes da ponte que será construída sobre o Rio Paraíba.

Eles também andaram de balsa para ver como é feita a instalação dos pilares no rio. Do lado de fora, puderam observar a técnica de concretagem dentro do curso d’água.

No pátio de vigas, os alunos acompanharam o processo de produção. Cada uma, com 25 metros de comprimento por 2,20 de largura, pesa cerca de 42 toneladas e leva até 28 dias para estar curada e pronta para ser utilizada.

Ao todo, serão instalados dez eixos na estrutura de sustentação da ponte. Cada um é formado por dois pilares apoiados até 21,4 metros de profundidade, o equivalente a um prédio de sete andares. E a fundação fica 6,5 metros em rocha.

Essa estrutura vai sustentar duas faixas de rolamento, incluindo passeio com ciclovia compartilhada. Erguida ao lado da linha férrea, a ponte terá 240 metros de comprimento, 11,2 de largura e aproximadamente 10 de altura.

A construção e pavimentação da Via Jaguari tem investimento de R$ 52,3 milhões. Com 5,6 quilômetros de extensão, ela será o novo acesso da região norte ao centro da cidade.

Foto: Adenir Britto/PMSJC

Vivência

Para o professor de engenharia de fundações, Dimas Betioli Ribeiro, a visita possibilitou que os alunos acompanhassem de perto o que estudam no curso. “Eles conseguem ver na prática aquilo que veem em teoria só na sala de aula. Percebem que cada obra tem um problema específico e que o engenheiro vai ter que usar, além do conhecimento técnico dele, também a experiência, conversa com os colegas e a criatividade para poder resolver o problema da obra.”

Coordenador do programa de pós-graduação em engenharia de infraestrutura aeronáutica, Dimas destacou a possibilidade de parceria entre o meio acadêmico e as construtoras. “Às vezes o pessoal da obra precisa solucionar algum problema mais complexo e precisa ir atrás de outras fontes para a solução do problema. E lá no ITA temos diversas interfaces que podem contribuir, como linhas de pesquisa nas áreas de geotecnia, concreto e transporte. E nós queremos problemas práticos para aplicar as nossas pesquisas. Então essa interface com a indústria é frutuosa para ambos os lados.”

“Quando falamos em sala de aula, tudo fica muito abstrato”, afirmou o professor de mecânica dos solos, José Antônio Schiavon. “E nossa intenção é propor um engajamento maior dos alunos com o conteúdo da disciplina de forma prática. A gente vê que muitas vezes os alunos não têm preferência pela área de fundações, pois não tiveram contato com a obra, porque nas aulas o conteúdo é teórico.”

Segundo ele, o contato no canteiro amplia o aprendizado. “Vimos que nesta obra tem diversas coisas acontecendo que agregam na disciplina. E a explicação de cada parte de uma obra eles estão vendo de forma prática. Com isso, fica mais claro e evidente, e eles absorvem melhor o conteúdo.”

Schiavon ressaltou que é importante o futuro engenheiro civil ter conhecimento do processo executivo das fundações. “Explicar na sala de aula e trazer para o campo para que eles vejam cada parte do processo irá ajudá-los a fixar isso muito melhor.”

Prática

A aula no canteiro de obras da Via Jaguari despertou o interesse dos estudantes. “É legal poder ver na prática o que vemos em teoria e aparece nos livros, e que também muitas vezes simula os trabalhos que fazemos dentro da sala de aula”, disse Lucas Melo. “E nunca estivemos próximos assim. É meio que um passo intermediário antes de a gente ir para o mercado de trabalho. Eu falo porque muitas vezes a gente sai cru e não conhece muita coisa.”

Na mesma linha, o colega Fábio Freitas acentua a contribuição da atividade de campo para o aprendizado dos alunos. “Temos uma visão da completude de uma obra, tudo que envolve, desde o começo até a vivência com outras pessoas, e tudo isso agrega aos avanços. Achei bem diferente, por ser uma obra submersa, e eu nunca tinha visto. Por conta da pandemia, não tivemos oportunidade de visitar tantas obras. Quando vemos só a parte da teoria, ficamos em dúvida se realmente aquilo funciona. E quando vemos a obra, faz total sentido.”

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