A reação é puxada por indústria e varejo e, no mercado financeiro, renda fixa ressurge e bolsa pode chegar a 150 mil pontos
A vacinação contra a Covid-19 reflete diretamente na economia, tornando-se uma injeção de ânimo. Mesmo o mercado sinalizando inflação em alta, a melhora na economia está sendo puxada pela recuperação dos setores da indústria e varejo.
Os números confirmam as boas novas: a nova projeção do Produto Interno Bruto (PIB) para quase 5% de alta traz um panorama otimista. O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) – que representa uma medida do que seria o comportamento mensal do produto – fechou em 1,3% em abril, refletindo o trimestre.
O economista Thiago Marques, do escritório de São Paulo da Plátano Investimentos – XP, aponta os motivos que contribuem para esta retomada.
“Além do setor industrial e do varejo, a demanda externa tem ajudado a economia brasileira nesta recuperação, devido principalmente à alta dos preços das commodities, como dos setores siderúrgico, químico e empresas de construção. Contudo, vale ressaltar que essa alta acelerada de preços não pode ser considerada ainda como um “segundo superciclo” das commodities como aconteceu na primeira década dos anos 2000. É provável que os preços dos produtos básicos se estabilizem até o início de 2022”, explicou Marques.
O Banco Central também se empenha em fazer a tarefa de casa para contribuir com a retomada.
“Outro ponto central da macroeconomia brasileira é o ajuste de 3,5% para 4,25% ao ano da taxa básica de juros da economia, a SELIC, refletindo as previsões do mercado. Esta alta foi de encontro com uma política mais efetiva do Banco Central no controle da inflação. O Comitê de Política Monetária na última semana apontou uma projeção de inflação de 5,8% ao ano. Vale lembrar que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, o IPCA, indicador utilizado para medir a inflação, acelerou em maio e acumula uma alta de 8,06% em 12 meses. Provavelmente, teremos um panorama da SELIC próxima de 6% e a inflação próximo de 5,5% até o final deste ano”, relatou o economista.
Os Reflexos para o Mercado Financeiro
Com relação as altas taxas de juros, os investidores acabam rebalanceando a exposição de seus portfólios financeiros. A participação de ativos de renda fixa tende a tornar-se mais atrativa, resultando até mesmo em entradas de investimento estrangeiro, não à toa o dólar já opera em níveis mais amigáveis, abaixo dos cinco reais. O fluxo cambial até este momento é positivo em mais de 13 bilhões de dólares no ano.
Com a estabilidade monetária e uma taxa de juros confortável podemos até pensar no índice Bovespa acima de 140 mil pontos até final do ano. Existe um otimismo do mercado e fortes expectativas para que a bolsa termine próxima de patamares nunca antes vistos, como os 150 mil pontos. É importante ressaltar que isso tem um lastro, alguns setores tendem a se beneficiar muito se o panorama macroeconômico continuar nesse ciclo de expansão. O consumo cíclico, como das empresas aéreas, turismo, shoppings, varejistas, supermercados e o setor financeiro podem ser fortemente impactados, se confirmadas as previsões otimistas da economia brasileira.
“Claro que a retomada e o otimismo econômico caminham diretamente ligados à tendência de melhora da pandemia. Se o plano de vacinação para o Estado de São Paulo se cumprir, cerca de 7,5 milhões de toda a população adulta estará vacinada até 15 de setembro e certamente as atividades econômicas responderão positivamente a este cenário. E isto será um termômetro para o restante do país”, concluiu o especialista da Plátano.