Sistema é capaz de inspecionar entre 30 e 40 mil quilômetros de ativos por ano, podendo ser utilizado ainda nos segmentos de Transmissão e Geração e em outros países
A EDP, distribuidora de energia elétrica que atende Guarulhos, Alto Tietê, Vale do Paraíba e Litoral Norte de São Paulo, é a primeira do ramo a receber certificação da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) para operar comercialmente um sistema de monitoramento e análise de redes elétricas no País com emprego de aeronaves remotamente pilotadas (RPAS ou ARPs), popularmente conhecidas como drones. A operação consiste na disponibilização de drones com tecnologia inovadora para inspeção dos ativos de energia da EDP nas áreas de Distribuição, Transmissão e Geração. Devido à certificação das aeronaves, esta tecnologia poderá também ser utilizada em outras geografias nas quais a companhia atua, como Portugal e Espanha.
A cerimônia de certificação foi realizada nesta quinta-feira (10), na ANAC, em São José dos Campos.
O SIAD-AERO (Sistema Autônomo-Cooperativo de Planejamento e Execução de Inspeção de Ativos de Energia) foi concebido no âmbito do Programa de Pesquisa e Desenvolvimento para atender as demandas técnico-operacionais da EDP para contribuir com o planejamento e execução das inspeções dos ativos de energia. Para tanto, foi previsto o emprego de dois conjuntos, que vão operar inicialmente nas áreas de concessão da EDP em São Paulo e no Espírito Santo. Cada conjunto é composto por um drone de asa fixa (RPA categoria III) e de um drone de asa rotativa, suportados por uma estação portátil de comando e controle de solo.
A utilização dos drones ajudará a identificar anomalias nos ativos de energia, assim como outros tipos de riscos, tais como incêndios ou invasões da faixa próxima à fiação, o que causa risco ao sistema e à segurança e, principalmente, aos moradores das áreas onde estão instaladas as redes elétricas da empresa.
As plataformas aéreas de asa fixa (Drones EDP) foram certificadas pela ANAC e estão autorizadas a operar para fins comerciais em condições de voo além da visada (BVLOS). Esta condição permite o voo automático dos drones sem que o piloto esteja visualizando os mesmos. Em um ano, a companhia estima monitorar de 30 a 40 mil quilômetros de redes e seus respectivos ativos de energia empregando o sistema SIAD-AERO.
Desta forma, a companhia conseguirá otimizar a manutenção preventiva e preditiva de equipamentos e ativos de energia, aumentando a vida útil e melhorando os índices de eficiência no fornecimento de energia, como o DEC (Duração Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora) e FEC (Frequência Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora).
“A inovação é um dos pilares que adotamos para melhorarmos a qualidade de serviço aos nossos clientes e sociedade. O pioneirismo na operação comercial deste sistema de monitoramento marca uma nova etapa em nossa busca de seguir aprimorando nossos indicadores de qualidade e, consequentemente, a satisfação dos nossos clientes”, afirma João Brito Martins, vice-presidente de Distribuição da EDP no Brasil.
“Esta aprovação emitida pela ANAC demonstra a capacidade da tecnologia em atender demandas específicas da sociedade, para as quais as formas usuais se mostram onerosas ou mesmo de difícil escala. Além disso, o fato deste desenvolvimento ser realizado no Brasil sinaliza que o projeto e fabricação de drones está em alta. Os benefícios para a sociedade Brasileira tendem a ser crescentes”, ressalta Roberto Honorato, Superintendente de Aeronavegabilidade da ANAC.
Como funciona
Para serem utilizadas, as plataformas áreas de asa fixa precisam decolar de uma pista de pouso e estarem devidamente autorizadas pelo Departamento do Controle do Espaço Aéreo (DECEA), por meio da autorização de um plano de voo. Os drones multirotores (asa rotativa) podem decolar de qualquer área autorizada, proporcionando maior flexibilidade de acesso às inspeções. Desta forma, os dois equipamentos podem ser operados de forma automática e cooperativa percorrendo grandes distâncias para realizar o monitoramento das redes elétricas e dos ativos de energia.
Os drones possuem câmeras de alta resolução, além de recursos como infravermelho e ultravioleta, para realizar as inspeções. Após cada voo, os vídeos são enviados ao Sistema, que, por sua vez, os analisa utilizando processamento digital de imagens. Este processamento emprega técnicas de inteligência artificial para detectar as anomalias, informando-as ao analista. Uma vez que a anomalia é validada, o sistema gera relatórios que são encaminhados às áreas responsáveis pela manutenção.
O Programa de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico da ANEEL, busca promover a cultura da inovação no setor elétrico brasileiro, desenvolvendo novos equipamentos, aprimorando a prestação de serviços e reduzindo a dependência tecnológica do país.