Primeiro satélite de sensoriamento remoto projetado, integrado e operado pelo Brasil, o Amazonia 1 contou com a participação de sete empresas localizadas em São José dos Campos em seu desenvolvimento e produção, gerando emprego e renda na cidade.
Do grupo de empresas, cinco delas estão vinculadas ao cluster aeroespacial brasileiro do Parque Tecnológico, criado e apoiado pela Prefeitura de São José. São elas: AEL Sistemas, Equatorial Sistemas, Opto Eletrônica, Fibraforte e Omnisys.
As empresas Orbital Engenharia e Cenic, também sediadas em São José, foram as outras integrantes do projeto de desenvolvimento do satélite, conduzido pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) em parceria com a Agência Espacial Brasileira.
O Amazonia 1 foi lançado com sucesso no domingo pelo veículo lançador PSLV (Polar Satellite Launcher Vehicle) a partir do Satish Dhawan Space Center, em Sriharikota, na Índia.
O satélite faz parte da chamada Missão Amazônia, criada para fornecer dados de sensoriamento remoto para observar e monitorar o desmatamento, especialmente na região amazônica.
A missão também vai monitorar a agricultura em todo o território nacional, além de fornecer dados da região costeira, reservatórios de água, florestas e desastres ambientais.
Fundada em 2001 no Jardim das Indústrias em São José, a Orbital Engenharia fabricou o gerador de energia solar para o Amazonia 1, equipamento fundamental para sua operação.
“Quando o satélite é injetado em órbita os painéis solares precisam entrar um funcionamento. Se falharem é o fim da missão”, afirma Celio Vaz, fundador da Orbital.
Ele trabalhou durante 17 anos no INPE como engenheiro de satélites antes de criar a empresa. O desenvolvimento do gerador, incluindo projeto e fabricação, levou dois anos.
A Cenic, que possui unidade no Chácaras Reunidas, fez ensaios de durabilidade e fadiga de produtos e equipamentos que compõem o satélite.
Parque Tecnológico
As empresas Equatorial Sistemas e Opto Eletrônica, localizadas no núcleo do Parque Tecnológico, desenvolveram a Câmera WIFI, especialmente projetada para monitorar a Amazônia e capturar imagens coloridas de áreas de cerca de 640 mil km², diminuindo o tempo necessário para cobrir toda a floresta.
As empresas também desenvolveram o Gravador Digital de Dados, dispositivo resistente à radiação que grava e armazena os dados de imagem coletados nos momentos em que o satélite está fora da visibilidade de estações na Terra, proporcionando flexibilidade à missão.
AOmnisys, também residente no Parque, desenvolveu e produziu o Transmissor AWDT Banda X e sua Antena, duas tecnologias que permitem enviar os dados de imagem do satélite para as estações de recepção na Terra.
A empresa Fibraforte, associada ao Cluster Aeroespacial Brasileiro, desenvolveu o subsistema de propulsão, responsável por alterar a velocidade do satélite garantindo a correta inserção e manutenção de sua órbita nominal.
Já a AEL Sistemas desenvolveu e fabricou os conversores DC/DC, responsáveis pela conversão dos níveis de tensão elétrica necessários para alimentar os sistemas do satélite.
Capacitação
Segundo especialistas, a participação destas empresas é estratégica e contribui para consolidar o conhecimento brasileiro no ciclo completo de desenvolvimento de satélites.
Para o diretor de operações do Parque Tecnológico, José Iram Barbosa, o sucesso do projeto comprova a capacidade do Brasil no desenvolvimento de projetos espaciais. “Um dos grandes diferenciais do Amazonia 1 é o conceito de Plataforma Multimissão que otimizará missões futuras”.