Eles passaram nove meses se preparando e aguardando o momento de conhecer, de abraçar, de provocar um sorriso, de conviver e oferecer a eles todo afeto de que precisam.
E agora que chegou ao fim, nasce para os padrinhos e afilhados uma relação que promete mudar a vida de todos, para a melhor.
“Ela foi o melhor presente de 2020. Nos vimos poucas vezes, mas é tanto amor, carinho, tanta vontade de estar com ela.”
“Hoje, sou uma pessoa muito melhor. Todo esse processo do apadrinhamento, tudo o que aprendemos me fez sair da ‘bolha’. Quando a gente se permite olhar para outra pessoa, outra realidade a gente se transforma.”
O relato do casal de padrinhos, Aline Alves Quirino, 39 anos, assistente social e Felipe da Silva Quirino, 32 anos, publicitário, respectivamente, demonstra o quanto o programa transformou a vida da família.
Após cumprir rigorosamente cada etapa do processo de formação de padrinhos e obter o aval da Vara da Infância e da Juventude, o casal, que ainda não tem filhos, tornou-se oficialmente padrinho da jovem Y. 12 anos.
Dentro do programa, os padrinhos podem visitar o abrigo, além de levar a afilhada para passar fins de semana ou momentos em família na casa deles. Entretanto, por conta da pandemia do novo coronavírus, a convivência ainda está restrita aos encontros dentro da unidade de acolhimento. A expectativa é de quem a partir do mês de janeiro de 2021 as saídas possam ser autorizadas.
Y. que já vive no abrigo mantido pela Prefeitura de São José dos Campos há algum tempo, é pura felicidade e ansiedade por estar com os novos padrinhos. “Eles são muito legais. Adoro eles. Agora não me sinto mais sozinha, tenho alguém para conversar”.
Amor sem fim
A história de Egloge Manão e Fábio Manão, ambos com 58 anos, é um pouco diferente. Eles já têm dois filhos adultos e vivem uma fase mais tranquila da vida. Mas a vontade de ajudar e dedicar amor a uma criança falou mais alto ao ver o anúncio do programa de apadrinhamento.
Eles se inscreveram, participaram dos 9 meses de curso, quando finalmente conheceram G. de 12 anos, que para eles foi uma surpresa desafiadora e um presente mais que especial. G. tem Transtorno do Espectro Autismo, mas apesar da deficiência ele se relaciona, interage e é puro carinho pelos novos padrinhos.
“Ele me trouxe um novo mundo. Estudei, busquei informação sobre autismo, tudo para poder ajudá-lo e oferecer a eles o melhor que pudermos. Estamos nos redescobrindo.”
O programa
Iniciado em São José dos Campos em 2017, o programa de apadrinhamento afetivo é coordenado pela Vara da Infância e da Juventude. Em 2020, o órgão passou a contar com a parceria da Prefeitura de São José dos Campos, bem como do Instituto Fazendo História, para auxiliar nas etapas de seleção e formação dos padrinhos.
Essa união de esforços facilitou o processo de inscrição, trouxe mais publicidade ao programa, ampliando as chances das crianças e dos adolescentes de receberem a atenção e o carinho dos padrinhos escolhidos.
Processo de formação
Para se tornarem padrinhos afetivos, os candidatos passaram por um processo de formação que começou em abril. Todas as reuniões foram feitas pela internet em por conta da pandemia da covid-19.
Nelas, os candidatos a padrinho foram orientados sobre os objetivos e critérios do programa, além de tirar dúvidas sobre o programa.
Inscrições
As inscrições para o programa foram realizadas em março e apresentaram um número expressivo. Cerca de 140 pessoas se inscreveram e 23 concluíram o curso de formação e estão qualificadas para se tornarem padrinhos, de acordo com a disponibilidade de crianças nos abrigos.
Atualmente o programa não está com as inscrições abertas.