Se o ano de 2019 não está trazendo boas Notícias do Cruzeiro para seus torcedores, com o risco real de rebaixamento da equipe para a série B do Campeonato Brasileiro a poucas rodadas do fim, fora de campo as notícias são ainda piores.
De acordo com o gestor de futebol cruzeirense, Zezé Perrella, hoje o Cruzeiro possui pouco mais de 6 mil sócio-torcedores. O número é assustadoramente baixo, se compararmos ao número de 2018.
Em 2018, o então vice-presidente Marco Antônio Lage, afirmou que o Cruzeiro possuía 48 mil sócio-torcedores, em dia com suas mensalidades.
A simples análise dos números mostra que houve para o Cruzeiro em 2019 uma redução de 80% no número de sócio-torcedores.
Para um time grande como o Cruzeiro, 6 mil é um número bastante baixo de sócio-torcedores, se comparados a outros clubes nacionais.
Dos clubes nacionais, o Flamengo é o clube com maior número de sócio-torcedores (145 mil), seguido por Internacional (126 mil), o rival Atlético (110 mil) e Grêmio (com 91 mil).
Problemas Extracampo do Cruzeiro
Os problemas extracampo no ano de 2019 são a principal causa da queda vertiginosa no
número de sócios do clube cruzeirense.
Os problemas políticos e administrativos do Cruzeiro culminaram com suspeitas de falsificação de documentos, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro de membros da diretoria do clube.
O clube acumula mais de meio milhão de reais em dívidas e após denúncias, a polícia Civil de Minas Gerais abriu inquérito para investigar.
Em resumo, no inquérito, foram mostradas evidências que membros da diretoria cruzeirense quebrou regras da FIFA e da CBF.
De acordo com o processo, o Cruzeiro cedeu parte dos direitos econômicos de vários atletas e empresários (o que a FIFA proíbe desde 2015), sobretudo em um caso que chamou bastante atenção, pois um empresário não ligado ao futebol teria feito um empréstimo ao clube no valor de R$2 milhões.
Meses depois, o clube alegou não poder pagar as parcelas e assinou um outro contrato, cedendo os direitos econômicos de um atleta de 12 anos, já destaque nas categorias de base ao empresário. São infrações às regras da FIFA.
Confirmado isso, o Cruzeiro pode ser punido pela entidade máxima do futebol, sendo proibido de transferir jogadores e até mesmo registrar novos atletas. Isso poderia complicar deveras o futuro do clube.
Além de outros pagamentos a empresas que não aparentam ter relação com o futebol, o Cruzeiro também fez pagamentos para torcidas organizadas no ano de 2018, como por exemplo, para o diretor da Máfia Azul, grande torcida organizada do Cruzeiro.
O valor pago foi de R$88 mil e o diretor afirmou que os pagamentos feitos não constituem financiamento do clube para a torcida, que apenas o clube paga para que tenha sua marca divulgada, bem como programa de Sócio-Torcedor.
Outra torcida organizada, a China Azul, também aparece na lista de pagamentos do clube cruzeirense.
E embora o clube esteja com muitas dívidas a pagar, o salário de alguns dirigentes é extremamente alto, contando com diversos aditivos, podendo chegar a R$180 mil mensais.
A fiscalização das atividades econômicas de um clube deve pertencer ao Conselho Fiscal. No caso do Cruzeiro, o então presidente do clube Wagner Pires de Sá determinou algumas normativas enviadas aos conselheiros que impediam o acesso a documentos. No dia 08 de Maio de 2019, todos os conselheiros renunciaram de uma só vez, alegando falta de acesso aos documentos.
No balancete contábil do clube, apareceram valores de pagamento realizados a conselheiros. Além de tudo isso, houve bloqueio judicial dos valores da venda de Arrascaeta, atleta de destaque no atual time do Flamengo, por dívida de imposto de renda.
Todos esses problemas extracampo acabaram tendo reflexos dentro das quatro linhas. Os salários dos jogadores foi atrasado em alguns meses e se caso o time vier a cair para a série B, isso representará mais de R$50 milhões perdidos para o clube.
O que o Cruzeiro deve fazer, primeiramente, é se concentrar para que os resultados em campo não reflitam o tumultuado ano de 2019 e assim, garanta sua permanência na Série A.