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Consequências de uma vida ocupada demais

Josilene Braga Ribeiro Quintas é professora e psicopedagoga do Instituto Canção Nova e da Faculdade Canção Nova, em Cachoeira Paulista (SP). (Foto: divulgação/Assessoria de Imprensa)
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Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu. (Ecl 3,1). Ao ler essa passagem bíblica, somos convidados, a princípio, a esperar o tempo das coisas acontecerem, de entender os fatos da vida no seu curso próprio.

Numa situação boa ou ruim, quantas vezes já nos pegamos no desejo de acelerar o tempo ou de fazê-lo parar de forma a corresponder aos nossos anseios emocionais? Quantas vezes queremos que uma hora se equivalha a duas, com o intuito de mais conquistas ou ainda de poder ser mais produtivo e atender demandas de outras pessoas, e até de si mesmo?

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Quantas vezes o tempo é pouco para o que desejamos, mas, mais do que suficiente para o ser humano que possui limites próprios, dentro de cada contexto peculiar, na necessidade de ser gente nesse mundo “urgente”? Quantas vezes…

Aqui desejo aprofundar este verso bíblico a uma vertente psíquica e emocional: o tempo do sentir, do perceber-se! Cada dia mais, estamos sendo levados a ser “mais do que somos”: mais produtivos, eficientes, perfeitos; a termos mais, conquistarmos mais, oferecermos mais.

E, assim, no desejo de viver esse “mais”, abandonamos – sem nos dar conta – aquilo que somos: pessoas! Pessoas que sentem, cansam, esgotam, erram, se fragilizam. Desrespeitamos nossa essência em prol da nossa “insaciável” ânsia de tudo ser, fazer e poder! Devemos ser, com muita propriedade, nosso próprio limite. Não se trata dos limites que nos limitam, mas do que nos fazem saudáveis e plenos.

Não dá para ser feliz ultrapassando nossos limites, pois isso fatidicamente resultará em esgotamento e doença. Saibamos olhar para dentro de nós e encontrarmos o nosso tempo de agir e parar, de seguir e descansar para, no determinado momento ou no dia seguinte, prosseguir tendo nos dado, com o devido respeito de que precisamos: o descanso.

Nossa mente pode, em alguns momentos se desarmonizar com o nosso corpo e querer explorá-lo além do que ele pode. E, por irmos além do que o corpo e mente são capazes de render, as consequências, na maioria das vezes, são as doenças somáticas ou psicossomáticas.

Chegamos a acreditar que todas essas tarefas devem ser feitas no tempo do agora e que isso é o certo. Displicentemente, não olhamos para nossa condição, acreditamos que nosso limite humano é estar além do limite, e que devemos sempre exigir, cada vez mais, de nós mesmos.

É lógico que é válido e necessário abraçar novos desafios e conquistas. Entretanto, cada um deve ser honesto o suficiente consigo mesmo para não “romper” com sua condição de ser gente saudável e feliz.

É preciso reconhecer que o tempo de conquistas requer um tempo de descanso e refrigério, para que o corpo e a mente não desenvolvam patologias que chegam de maneira lenta, por perceberem que foram “agredidos” por muito tempo.

É preciso dar-nos tempo para ouvir, sentir e dar as melhores respostas ao nosso corpo e a nossa mente, de maneira a nos manter saudáveis físico, psíquico e socialmente. Por fim, retomando o tempo de cada coisa, devemos conceder e investir no tempo de Deus em nossas vidas.

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