Hoje, 29 de maio, faz nove dias que os caminhoneiros de todo o país, revoltados com os sucessivos aumentos do preço do combustível, iniciaram uma greve. Os resultados imediatos demonstraram a fragilidade da mobilidade urbana, sobretudo nas cidades do interior, cuja população não consegue se deslocar de um lugar para o outro, senão a pé ou bicicleta, acarretando a paralisação das escolas do nível fundamental às universidades. A prefeitura de Taubaté, por meio da Secretaria de Educação, já anunciou que as aulas da educação infantil ao ensino médio só retornarão após o feriado.
Mais do que isso, o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo suspendeu todos os prazos processuais, bem como tem encerrado o expediente 02 horas antes do normal para que os funcionários possam retornar para casa em segurança. Ademais, outro efeito imediato se deu no abastecimento de alimentos nos supermercados, levando até mesmo a limitarem, em alguns estabelecimentos, a quantidade de produtos por pessoa, medida essa semelhante a que alguns postos de combustível vieram utilizando. Ainda sobre os efeitos imediatos, segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal, 1 bilhão de aves e 20 milhões de suínos poderão morrer nos próximos dias em razão da falta de ração no campo decorrente da paralisação dos caminhoneiros. O resultado desse prejuízo de bilhões deverá ser repassado ao preço final das carnes entregue aos consumidores.
Todos esses efeitos imediatos levaram a população, em sua maioria, a perceber a força que possuem para reivindicar melhores condições de vida no país. A greve dos caminhoneiros gerou uma onda de protestos em todo o país, que, embora possuam pautas diferentes, todas tem um objetivo em comum: destituir o governo atual e, de uma vez por todas, buscar a prometida ordem e progresso impressos em nossa bandeira. O preço do combustível está longe de ser a única indignação de nosso povo. A mídia, em geral, busca a todo momento mostrar as consequências negativas da falta de suprimentos na sociedade, preocupando-se em não se posicionar favoravelmente à greve.
O governo federal, por meio de acordo, buscou atender algumas reivindicações dos caminhoneiros, são algumas delas:
- Subsídio federal para redução de R$ 0,46 centavos no preço do diesel pelos próximos 60 dias. Sendo que, após os 60 dias, os reajustes ocorrerão mensalmente. Salienta o presidente Michel Temer que o ajuste apenas mensal propiciará aos caminhoneiros de antemão a fixação dos valores a serem cobrados pelo frete sem que haja posterior aumento no preço;
Isenção na cobrança dos eixos suspensos em pedágios de todas rodovias, sejam elas federais, estaduais ou municipais;
Edição de medida provisória para que a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) possa, dispensado processo licitatório, contratar 30% de sua demanda de frete com cooperativa ou entidade sindicais da categoria dos transportadores autônomos;
Atualizar trimestralmente junto a ANTT a tabela de referência do frete do serviço do transporte remunerado de cargas por conta de terceiro;
Não promover a reoneração da folha de pagamento do setor de transporte rodoviário de cargas.
Como supracitado, o governo irá cobrir o desfalque que o desconto do preço do diesel acarretará no orçamento da Petrobrás, contudo, esse gasto provavelmente será repassado de alguma forma aos consumidores.
Além disso, salienta os próprios caminhoneiros que tais medidas não atendem à realidade deles e sim à das empresas de frota. Prova da pouca eficácia do acordo é que a greve perdura, ainda que as entidades de classe tenham prometido a volta gradual dos trabalhadores ao serviço.
Vale dizer que as medidas não englobam nenhum benefício à população, que, até que consigam o contrário, terá que engolir os preços abusivos do combustível.